segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Os vikings descobriram a américa?




Foi Leif Eriksson, e não Cristóvão Colombo, quem descobriu a América. O explorador viking chegou ao continente americano cerca de 500 anos antes do navegador genovês. Isso mesmo. Apesar de nos livros escolares geralmente a gente aprender que o Novo Mundo foi conquistado em 1492, na verdade sua descoberta ocorreu por volta do ano 1000. Essa teoria é conhecida há décadas, mas só nos últimos anos os estudiosos conseguiram descobrir mais detalhes sobre a aventura viking.

As sagas vikings sempre falaram de uma mítica Vinland, ou terra das vinhas, que teria sido descoberta na virada do século 10 para o 11. No entanto, até os anos 60 não havia qualquer prova de sua existência. A confirmação só ocorreu quando o explorador norueguês Helge Ingstad e sua mulher, a arqueóloga Anne Stine Ingstad, encontraram, com a ajuda de pescadores, vestígios de um assentamento nórdico em L’Anse aux Meadows, na costa da ilha de Terra Nova, no Canadá. Datações feitas por carbono 14 indicaram que os vestígios são mesmo do ano 1000, o que coincide com os relatos vikings sobre a viagem de Eriksson. A localização e as características dessas ruínas também estavam de acordo com o descrito pelos contemporâneos de Eriksson. Todas as evidências, juntas, fizeram com que o mito viking ganhasse consistência. Considerado o mais antigo assentamento europeu no Novo Mundo, o local foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1978.

A ocupação viking da América do Norte, no entanto, durou menos de dez anos. Apesar de a terra ser boa para o pasto, rica em madeira e em animais para a caça, não sobrou nenhum viking para contar história no local. Alguns especialistas afirmam que provavelmente os exploradores sentiam saudades da terra natal e eram em número muito reduzido para manter ativa uma colônia numa área isolada. No livro The Viking Discovery of América, Ingstad levanta a hipótese de que o lugar era perigoso demais para os exploradores nórdicos. As sagas vikings falam sobre as batalhas sangrentas contra povos indígenas, que existiam em número superior ao dos exploradores nórdicos. Os nativos foram chamados pelos vikings de skraelings, ou “homens feios”. Eles tinham os mesmos tipos de armas que os vikings, como lanças e arco-e-flechas, diferentemente de Colombo, que, quase cinco séculos depois, chegou ao continente fartamente munido de armas de fogo. Para Ingstad, tudo foi uma questão de tempo. “Leif Eriksson descobriu a América cedo demais.”


Mas, afinal, quem foram os vikings? Esses bárbaros de olhos azuis e cabelos loiros ou ruivos foram um povo de camponeses e pescadores que viveu no norte da Europa, nos territórios que hoje correspondem à Escandinávia – Dinamarca, Suécia e Noruega. Lá Eriksson é tratado como um verdadeiro herói, com direito a estátua em praça pública e lugar de honra nos livros de história. O nome viking significa homem de vik, ou “baía”, embora alguns especialistas afirmem que sua origem pode ser a palavra “pirata” de antigas línguas escandinavas. Os vikings praticavam a agricultura e dependiam da criação de gado, bodes, ovelhas e porcos para sobreviver. Eles se organizavam em clãs, espécie de tribos unidas por laços familiares e chefiadas por proprietários de terra, que também assumiam o papel de líderes militares. Os proprietários de terra formavam a classe mais alta da sociedade viking. A classe intermediária era composta por artesãos, pescadores e pequenos agricultores e, a mais baixa, por escravos capturados durante ataques a outras regiões.


Em seu tempo, esses piratas nórdicos foram um dos povos mais temidos da Europa e, a partir do final do século 8, espalharam o terror com os ataques que realizavam nas áreas costeiras da Irlanda, da Inglaterra, da França e da Rússia. Os mosteiros eram os alvos prediletos dos invasores vikings, já que eram desprotegidos e estavam repletos de tesouros eclesiásticos e vinho. Sendo pagãos, os vikings pilhavam sem dó. Muitas vezes, eles praticavam a extorsão em troca de proteção. Em alguns locais, no entanto, eles não foram apenas para pilhar, mas para ficar. Dublin, na Irlanda, tornou-se uma cidade viking, assim como York e outras inúmeras cidades no norte e no oeste da Inglaterra. Os invasores nórdicos também criaram o ducado da Normandia, na França, e uma dinastia que reinou em Kiev, na Ucrânia.
Mas os vikings não eram apenas guerreiros bárbaros. Eram também hábeis comerciantes e conseguiram estabelecer uma ampla rede de contatos que se estendia da região onde atualmente é o Iraque até o Canadá. Esses povos escandinavos foram democratas e tinham um parlamento que elaborava leis e julgava crimes. Sua cultura era tão sofisticada quanto a do resto da Europa. A literatura oral era riquíssima, com poemas épicos que não deixam nada a dever aos grandes poemas homéricos. O mais importante de tudo, no entanto, é que os vikings foram hábeis construtores de barcos, os melhores de seu tempo. Entre os séculos 9 e 11, eles foram a maior potência naval da Europa. Prova disso foi encontrada em 1997, quando nove navios foram desenterrados das areias de Roskilde, na Dinamarca. A descoberta ocorreu quando o Museu de Navios de Roskilde decidiu ampliar suas instalações. “Por pouco não erguemos o museu sobre navios enterrados”, disse o antropólogo Max Vinner. A maior embarcação viking conhecida até hoje foi encontrada no local. Trata-se de um navio de guerra longo e estreito, um drakkar (dragão), com 36 metros de comprimento e espaço para 100 homens. Na proa ficava a cabeça do dragão. Os vikings acreditavam que, além de assustar os inimigos, o animal também afastava maus espíritos.
A expansão do comércio viking é tida como uma conseqüência do desejo dos povos nórdicos de conseguir bens que eles não podiam obter em casa, como seda, vidro e metal de boa qualidade para fazer espadas. Mas o crescimento da população levou esse povo a navegar por outros mares não apenas para praticar o comércio, mas para morar. Não havia terra suficiente para produzir alimento para os cerca de 2 milhões de nórdicos que viviam na Escandinávia no início do século 9. Por isso eles migraram e estabeleceram colônias em outros lugares, como a gélida Islândia, próxima ao Círculo Polar Ártico.
Nos anos 70, foi noticiada a descoberta de inscrições rúnicas (o alfabeto viking) no Brasil, mas nada de mais consistente ainda ficou provado a respeito disso até agora.

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